PROJETO “RETORNO A FREUD”: por um empretecimento da psicanálise

A psicanálise só respira quando recusa ser manual de adaptação e se torna escuta do que insiste em não caber. Lacan nos advertiu: “deve renunciar à prática da psicanálise todo analista que não conseguir alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época”. E a nossa época grita nas margens.
É das margens que partimos para o projeto RETORNO A FREUD, uma travessia teórico-afetiva que começa com a leitura crítica de Totem e Tabu. Um texto de 1913 que Freud escreveu como resposta a Adler, que o acusava de ignorar a cultura, e que hoje abrimos como portal para pensar o sujeito negro como sujeito da história, do desejo e da dor. Em Totem e Tabu Freud ousa atravessar as fronteiras da psicanálise e dialogar com a antropologia social para pensar como tabus e proibições estruturam a vida coletiva. Embora tenha sido rejeitado por antropólogos e deixado de lado por muitos psicanalistas, o texto voltou à cena nos anos 90, sendo relido como contribuição fundamental para a teoria política e a psicologia social.
Não se trata de estudar Freud como doutrina, mas de desmontar alicerces para reinscrever sua obra a partir dos rastros de extermínio, sobrevivência e reinvenção que ecoam nos corpos negros. Um grupo para quem se implica. Um espaço de escuta, política e elaboração.
Algumas perguntas que nos atravessam:
– Como repensar o Complexo de Édipo a partir do texto Édipo Africano de Marie-Cécile e Edmond Ortigues?
– O que a neurose obsessiva tem a ver com o racismo estrutural, como nos ensinou Lélia Gonzalez?
– Como a figura do pai se modifica quando escutada à luz da paternidade negra?
– O que muda quando a cultura é pensada a partir de O Eu Rasurado?
Esta não será uma leitura neutra. Será travessia. Será território de invenção e responsabilidade.
Mediação: Jairo Carioca
Psicanalista negro, autor de O Eu Rasurado, nascido no sertão e criado na periferia da Baixada Fluminense, onde a psicanálise encontra o chão da urgência e o corpo da história.
📘 Texto-base: Totem e Tabu – Freud
🗓 Início: Outubro
📍 Encontros: Quintas-feiras, das 10h às 12h
💰 Investimento: R$ 150/mês
👥 Vagas limitadas: Grupo pequeno, crítico e implicado
Se você deseja pensar Freud para além dos muros da tradição, ler com as vozes que ela silenciou e escutar o Real que o racismo insiste em recobrir, esse convite é pra você.
🖤 Se o inconsciente é politico, o desejo é Ativista.
📩 Para inscrição e mais informações, (21) 99570-2931 – Entre no CHAT do WhatsApp
CURSOS: Transmissão e Interseccionalidade na Psicanálise
A transmissão da psicanálise em Jairo Carioca de Oliveira transcende a mera exposição teórica. É um ato político e um convite à implicação. Em seus cursos, ele articula com maestria os fundamentos psicanalíticos com as urgências do nosso tempo: racismo, decolonialidade, gênero e justiça social. Participe de uma formação que não apenas ensina, mas transforma a escuta e a prática clínica, capacitando-o a pensar e a intervir nas complexas interseccionalidades que constituem o sujeito contemporâneo.
SCHREBER E RIOBALDO: análise de dois pactos com o diabo.
“O diabo passa pela porta da fechadura”, confidencia Schreber em suas memórias. “E, outra coisa: o diabo é às brutas”, murmura Riobaldo, tentando, entre ecos e sombras, absolver-se da culpa. Em ambos, o mesmo dilema se impõe: o pacto foi selado ou apenas sonhado? O mal é um ente concreto ou uma miragem da mente em convulsão?
Não por acaso, a recorrência do diabo nos escritos de Schreber chamou a atenção de Sigmund Freud. Na carta 57 a Fliess, o fundador da psicanálise manifesta um interesse incisivo pelo diabo e sua significação cultural. Onze anos mais tarde, essa intuição germina em formulação teórica: “o diabo é a personificação da vida pulsional inconsciente reprimida”. Mais do que metáfora, ele é o signo da inquietante estranheza, a figura do pai temido e o próprio nome do mal.
Em Grande Sertão: Veredas, a questão se adensa: Riobaldo acredita ter vendido sua alma, mas jamais sabe ao certo se o pacto foi consumado. O diabo existe ou é apenas o espectro do medo humano? Guimarães Rosa, em sua tessitura poética, empurra a dúvida ao limite: e se o mal não fosse um ser, mas uma estrutura?
Talvez, tanto em Schreber quanto em Riobaldo, o diabo funcione como metáfora última do perigo real de existir. Esta investigação propõe escapar do reducionismo teológico para aprofundar-se na dialética do bem e do mal, explorando o diabo como um significante cultural do ódio, do desejo e da paranoia. Ao iluminar a função do mal(-estar) na lógica do delírio, buscamos compreender como o sujeito, na fronteira do abismo, negocia com seu próprio inferno.
Assista a esta aula gratuitamente clicando na imagem abaixo.
CLINICA DA PSICOSE
A clínica da psicose exige um olhar sensível e cuidadoso, que ultrapassa a simples aplicação de técnicas para adentrar o território singular do sujeito. Diferente das neuroses, onde há um conflito entre desejo e lei, na psicose, a própria estrutura do sujeito se organiza de forma distinta, muitas vezes marcada pela ausência de um significante que sustente a realidade compartilhada. Assim, o trabalho clínico se dá na construção de um campo onde a palavra possa encontrar lugar, seja por meio da escuta atenta, da sustentação de um delírio organizador ou da criação de novas amarrações simbólicas. Não se trata de “curar” no sentido clássico, mas de possibilitar um modo de existir que minimize o sofrimento e permita a invenção de formas singulares de laço com o mundo.
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R$ 99,00 – Carga Horária: 4 horas
O SERTÃO COMO NÓ BORROMEANO:
Lacan, o Inconsciente e a Literatura da Fenda
E se o sertão fosse mais que geografia?
Um real que escapa ao mapa, um nó onde o simbólico, o imaginário e o real se enroscam como espinho, osso e palavra.
Literatura da Fenda:
Entre o grito e o delírio, o sertão fala com voz potente, atravessado de silêncio e corte, como quem sabe que o inconsciente não é europeu — é terra rachada, chão de memória e escuta rasgada.
Lacan revira-se no mato:
O nó borromeano aqui não segura com fita francesa: ele sangra, fede, canta embolada. O inconsciente pulsa na travessia, nas falas partidas das personagens de Fabiano, Riobaldo e Severino.
Proposta:
Repensar o inconsciente a partir da margem.
Reler Lacan com os pés na poeira.
Fazer da literatura do sertão um operador clínico.
Uma travessia entre psicanálise, literatura e resistência.
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Novos cursos em breve
Novos cursos, seminários e grupos de estudo serão anunciados em breve. Fique atento às atualizações através dos canais da Escola Psicanalítica da Escuta Periphérica, do Instagram e do Youtube.


